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Por Chiara Quintão, Valor — São Paulo

15/07/2021

A Duratex inicia novo ciclo de crescimento, marcado pela adoção de novo nome — Dexco —, por um plano de investimentos de R$ 2,5 bilhões para os próximos três anos e pela busca de mais aproximação com o cliente final.

Serão R$ 500 milhões na divisão Madeira — principal negócio da companhia —, R$ 1,1 bilhão na Deca, R$ 600 milhões em nova fábrica de revestimentos cerâmicos, R$ 100 milhões na aquisição de fatia minoritária da rede ABC da Construção, R$ 100 milhões em fundo de “venture capital” e R$ 100 milhões em aportes pontuais. Além do aumento da capacidade, os investimentos possibilitarão melhora de margens.

“Estamos otimistas com o mercado da construção civil pelo menos para os próximos três anos. Do total das nossas vendas, 70% se destina a reformas. Ainda não estamos capturando as vendas do ciclo de lançamentos imobiliários ocorridos a partir de 2019”, diz o presidente da Dexco, Antonio Joaquim de Oliveira, ressaltando a expectativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), nos próximos anos, e o elevado déficit habitacional brasileiro.

Atualmente, todas as unidades da Dexco operam na capacidade máxima. Com exceção da fábrica de revestimentos cerâmicos que será erguida em Botucatu (SP), os demais investimentos em aumento de capacidade serão feitos em unidades já existente, aproveitando as paradas técnicas de cada uma. As novas capacidades entrarão em operação, no mercado, gradualmente, deste ano até 2024.

O novo ciclo de expansão será financiado com recursos da geração de caixa da companhia. “Os investimentos serão diluídos em três anos. Ainda vamos manter os níveis de endividamento muito baixos”, diz Oliveira. No fim do primeiro trimestre, a relação entre dívida líquida e Ebitda dos últimos 12 meses era de 1,19 vez. Em 19 de agosto, as ações da Dexco começarão a ser negociadas com o ticker DXCO3.

Com várias marcas em seu portfólio — Duratex, Durafloor, Hydra, Ceusa e Portinari —, a companhia avaliou que, à medida que as áreas de atuação cresciam, passou a haver um “desconforto” em o nome da companhia ser o mesmo de uma das marcas de produtos. Foi quando contratou a consultoria Interbrand e a agência Africa, em busca de mudança.

Dexco se relaciona, segundo Oliveira, ao nome anterior, Duratex, e à ideia de companhia. “Estamos criando uma empresa que já nasce com 70 anos, pisando no acelerador e abrindo um novo ciclo”, afirma.

Capacidade maior

A Dexco vai investir R$ 90 milhões na divisão Madeira, para reduzir os gargalos da produção, o que possibilitará aumento de 10% na capacidade instalada de painéis, ou seja, de 300 mil metros quadrados.

“O retorno que teremos desse investimento é fantástico”, diz o presidente da companhia, Antonio Joaquim de Oliveira. Se a Dexco optasse por uma nova linha de produção de painéis, com capacidade de 400 mil metros quadrados a 500 mil metros quadrados, teria de desembolsar R$ 1 bilhão.

A companhia destinará R$ 180 milhões para três novas linhas de revestimentos de painéis, que entrarão em operação deste ano até 2023. “Vamos ampliar em 45% nossa capacidade de revestir”, conta o executivo. Em conjunto com a Usina Caeté, a companhia fará aportes de R$ 240 milhões para triplicar a base florestal, no Nordeste, da joint venture Caetex. Futuramente, essa madeira poderá ser utilizada como matéria-prima para eventual nova fábrica de painéis ou para expansão da unidade de celulose solúvel.A divisão Madeira continuará a ser a principal da Dexco, mas ao final de 2023, deverá responder por cerca de metade dos negócios da companhia. A proporção já chegou a ser de dois terços.

A empresa também anunciou que vai elevar suas operações da Deca de metais e louças sanitárias em, respectivamente, 35% e 30%, segundo o presidente da companhia, Antonio Carlos Joaquim.

Nos dois casos, a Dexco avaliou a possibilidade de aquisições, mas concluiu que, pelas participações de mercado que já possui, não poderia comprar nenhum concorrente relevante.

Em metais, os aportes vão somar R$ 600 milhões, possibilitando incremento de 35% da capacidade produtiva e melhora do mix. Os investimentos em louças somam R$ 550 milhões, com R$ 300 milhões do total para automação de fábricas.

Segundo Oliveira, a integração das equipes de Deca e de revestimentos cerâmicos, realizada no primeiro semestre, possibilitará captura de sinergias de R$ 150 milhões no total de quatro anos.

Em revestimentos cerâmicos, a Dexco vai erguer fábrica, em Botucatu (SP), com partida prevista para 2023. A unidade terá capacidade de 10 milhões de metros quadrados por ano, elevando em 35% a capacidade da companhia no segmento.

“Será a fábrica de revestimentos mais moderna do Brasil, com duas linhas de grandes lastras”, afirma o presidente da Dexco, Antonio Joaquim de Oliveira.

O executivo ressalta a proximidade de Botucatu com fornecedores de matérias-primas e gás natural. Além dos R$ 600 milhões para a nova fábrica, a Dexco investirá R$ 20 milhões em automação de linhas das fábricas de revestimento que possui em Santa Catarina.

Outra aposta da companhia é a compra de participação minoritária da rede ABC da Construção, sediada em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. Com atuação em Minas Gerais, em São Paulo e no Rio de Janeiro, a rede tem 93 lojas físicas e operações de comércio eletrônico e logística “muito fortes”, segundo Oliveira.

No fim de junho, a companhia anunciou fundo de “venture capital” no valor de R$ 100 milhões para apoiar “startups” e “scale-ups” (“startups” que já evoluíram para escala um pouco maior de crescimento).

A intenção, segundo o executivo, é investir em negócios que possam vir a ser incorporados pela Dexco ou levar inovações às operações da companhia.

Fonte: https://valorinveste.globo.com/mercados/renda-variavel/empresas/noticia/2021/07/15/duratex-passa-a-se-chamar-dexco-a-partir-de-hoje.ghtml

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